Wednesday, December 27, 2017

Natal Expresso Amigo Oculto





Have yourself a merry little Christmas


de Meri para Selune

Selune se lembrasse muito pouco dos seus primeiros anos de vida, antes dos cinco anos de idade, ela sentia ter guardado aquela sensação de plenitude e alegria que as ocasiões de Natal traziam.

Sua lembrança mais marcante era o pai sentado ao lado dela no piano, a mão sobre o ombro da filha, enquanto a loirinha dedilhava os esboços de alguns acordes entusiasmados de quem estava começando a aprender a tocar.

Antes disso, sempre havia a árvore e os presentes sendo desembrulhados aos pés dela, papéis coloridos voando para todos os lados e risos ecoando por toda a casa.

Eram lembranças preciosas que a francesinha tentava manter firmes e coesas nos entremeios de sua cabeça por vezes complicada e enrodilhada de pensamentos diversos e emaranhados.

Depois da morte de Sebastian Priout, um pouco daquela alegria se foi, e, mesmo Selune, Valentine e Victoria se esmerando para recuperar o brilho dos tempos antigos, sempre havia um vazio que não se conseguia ignorar.

Contudo, naquele ano, em que Alexis e Lucien haviam se unidos a eles e se tornando efetivamente família para aquelas três mulheres, a moça percebeu, esperançosa, que as coisas poderiam ser diferentes.

Ela notou tal sensação no dia em que acabara nos jardins da mansão, brincando na neve com seu novo irmão. Era como recuperar uma infância que nunca teve, algo que deveria ter sido, talvez com algum outro irmão que não possuiu, mas estava acontecendo agora.

Não era como se Alexis e Lucien estivessem substituindo Sebastian, era algo ligeiramente diferente, que Selune se sentia incapaz de expressar em palavras, talvez apenas as teclas do piano pudessem traduzir aquele sentimento.

A impressão que a moça tinha era a de estarem todos eles destinados a se encontrarem... a se tornarem uma única e unida família, capaz de se apoiar e proteger.

Ela levantou um pouco a cabeça do divã em que estivera deitada até aquele instante, dirigindo-se para o piano. Passou todos os dedos pelo teclado como se fizesse um suave carinho em um velho amigo... a ponta dos dedos tentando ler o que o instrumento queria lhe falar, qual música ele escolheria para soar através de si naquele dia.

Os acordes de Claire de Lune se misturaram ao som da abertura de Tristão e Isolda de Wagner...que acabaram se tornando o esboço de Cannon em Ré Menor, a música favorita da moça...

Ainda assim, não era aquela melodia que Selune procurava para exprimir o que ela sentia. Até que a canção brotou, tímida e insegura a príncipio, ganhando, literalmente voz no som das teclas e nas estrofes que a moça murmurava com uma voz maviosa e cheia de sentimentos.

Aprendera a canção com Raven e Meri , acabando por incorporá-la ao seu repertório de músicas indispensáveis para o Natal... Ela era perfeita! Perfeita para traduzir todas as emoções que a moça trazia no peito.

Have yourself a merry little Christmas
Let your heart be light
From now on, our troubles will be out of sight

Have yourself a merry little Christmas
Make the Yuletide gay
From now on, our troubles will be miles away

Here we are, as in olden days
Happy golden days of yore
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us
Once more

Through the years, we all will be together
If the fates allow
Hang a shining star above the highest bough
And have yourself a merry little Christmas now


Tão entregue estava naquela cantar, que Selune mal se apercebeu que o irmão voltara até que ele estivesse em pé pouco atrás dela.

-Não precisa parar por minha causa – ele falou com uma voz cheia de alegria e satisfação.

Ela observou os traços dele, sorrindo para si mesma ao constatar que as coisas deveriam ter se acertado satisfatoriamente entre Meri e Lucien.

-Pelo visto, agora eu tenho uma cunhada, non? – ela disse, contente.

Lucien assentiu.

-Depois conto a você como realmente as coisas transcorreram.

A loirinha concordou.

-Temos que abrir os nossos presentes.

O moreno franziu a testa, confuso, quando saíra de casa para visitar Meridiana, estavam prestes a abrir os embrulhos sob a ávore, por que agora ela o esava chamando para fazê-lo? Como se estivesse lendo os pensamentos do rapaz, Selune se prontificou a responder.

-Preferimos esperar, sem você não seria a mesma coisa.

Lucien sorriu de lado, reconhecendo que tinha razão em sua decisão. Não tinha sentido sem todos juntos, ainda mais considerando que era o primeiro Natal deles. Eram uma família, afinal. Ele pensou consigo no presente que escolhera para a irmã. Um dos cadernos de partitura de sua falecida mãe...

-Você está certa, é melhor todos juntos. – Lucien concordou. – Mas antes, será que poderia tocar mais uma vez a música de agora há pouco.

A loirinha assentiu, preparando-se mais uma vez para voltar a tocar e cantar. Lucien sentou-se ao lado dela, pousando a mão com delicadeza sobre o ombro da irmã. A sensação de conforto e proteção era quase a mesma que o pai lhe dava quando menina. Por vezes, ela se perguntava se Alexis e Lucien não haviam sido algum presente abençoado que o pai lhes enviara, de algum modo, no outro mundo.

Com esse pensamento doce em sua mente, ela tomou fôlego e começou novamente a tocar e cantar.

Have yourself a merry little Christmas
Let your heart be light
From now on, our troubles will be out of sight

Have yourself a merry little Christmas
Make the Yuletide gay
From now on, our troubles will be miles away

Here we are, as in olden days
Happy golden days of yore
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us
Once more

Through the years, we all will be together
If the fates allow
Hang a shining star above the highest bough
And have yourself a merry little Christmas now


Selune simplesmente sabia que estava feliz

Para escutar a música, clique AQUI

A fic se passa no Natal de Half-Blood Prince







All I want for Christmas is You


dos Pombos para a Sam

Samantha Blair olhava pela janela do ônibus vermelho de dois andares, observando as ruas apinhadas de gente, fazendo as suas compras de Natal. A cidade estava completamente adornada com enfeites natalinos. Parecia à moça que as estrelas haviam descido do céu e caído sobre Londres.

Sam poderia ter facilmente se aparatado do apartamento que estava usando na sua estadia na cidade direto para o shopping center onde faria suas compras de Natal, mas preferira empregar o típico método trouxa de se viajar.

Apesar do trânsito insano daquela época do ano, ela queria sentir o clima das festividades e queria aproveitar o tempo da viagem para começar a pensar no que comprar para o seu namorado.

Era o primeiro Natal depois do fim a Guerra e da queda de Voldemort, o primeiro que passavam juntos como um casal. O que Samantha mais queria é que fosse um dia inesquecível para os dois.

A começar pelo presente. Mais do que tudo, ela queria O PRESENTE PERFEITO, aquele que demonstrasse para ele o quanto ele era importante para ela e na vida dela.

Ao ver os contornos do shopping se insinuarem na esquina, Samantha se preparou para descer do ônibus, com um sorriso faceiro em seus lábios rosados.

Não deveria ser muito difícil encontrar o que queria, afinal, acreditava já conhecer suficientemente o namorado para saber do que ele realmente gostava.

Ela apertou um pouco mais o capote creme que usava quando sentiu o vento gélido que soprava nas ruas. Havia nevado um pouco na noite anterior e algumas partes do trajeto que a separava do ponto de ônibus até o shopping estava cobertos por camadas alvas de gelo e neve.

Sam apertou um pouco mais os passos em busca do calor aconchegante que o aquecedor do shopping iria lhe proporcionar.

Assim que adentrou o lugar, ela afrouxou o cachecol. A moça se sentiu praticamente em casa naquele lugar. No ano anterior dividira uma casa com alguns amigos ali perto - apesar de ser um modo eufêmico de descrever sua vida na resistência bruxa.

Dessa maneira, sabia exatamente em que lojas começar sua busca. Ela era uma mulher com uma missão e não iria falhar!

Com passos firmes e decididos, ela entrou em uma loja de CDs. Ela sabia o quanto a música significava para seu amor. Era quase como uma segunda língua para ele, um dos modos favoritos dele expressar exatamente o que sentia.

Seguiu diretamente para a seção de música instrumental, pois sabia que eram as favoritas dele, especialmente as clássicas. Contudo, ele também era fã do ABBA - apesar daquilo ter surpreendido muito Sam quando ela soube, pois quem conhecesse seu amor não imaginaria que ele apreciava aquele grupo.

Ela riu horrores da cara dele quando ele lhe contou essa preferência, mas as risadas cessaram no momento em que ele se pôs a dançar com ela ao som de Mamma mia, e, por razões relativamente egoísta - afinal, a visão dele se requebrando era de encher os olhos.

Entretanto, ele também gostava do Frank Sinatra... E tantos outros... Era uma lista enorme de opções.

A moça suspirou, descobrindo-se em meio a um impasse. Não conseguia se decidir por nenhum dos cds selecionados... E, diante daquelas dúvidas, começou a achar também que um CD era um presente simples demais para a ocasião.

Sam decidiu sair da loja, caminhando quase que a esmo, um pouco muito menos firme em suas suposições para um "presente perfeito".

Talvez pudesse dar um perfume, entretanto, o cheiro levemente amadeirado que emanava dele não era comparável a nenhum perfume que conhecia.

Seus olhos acabaram pousando em uma loja de roupas masculinas, e ela encaminhou para lá, sem refletir. Na vitrine havia roupas dos mais diversos gostos, mas prevaleciam ternos e roupas sociais, que, em absoluto combinavam com o jeito livre e despojado do namorado de Sam.

Ela continuou observando a vitrine, os olhos pousando sobre algumas cuecas samba-canção de seda e também algumas boxers. Era uma possibilidade interessante, havia uma boxer preta que parecia especialmente tentadora, contudo, as cuecas seriam muito mais um presente para ela que para ele, afinal, ele não era adepto de roupas de baixo e quando usava era para deixar Sam feliz quando estavam a sós.

A moça revirou os olhos cinzentos, meneando a cabeça. Não, não era aquilo que ela procurava. Ela queria algo que realmente exprimisse os sentimentos dela por ele, e, por mais que adorasse os momentos íntimos dos dois, sabia que a relação deles era muito mais que aquilo.

E também não queria ser tomada por uma tarada compulsiva.

Ela amava o namorado. De corpo e alma.

Exatamente por isso, ela desejava algo especial, algo que correspondesse plenamente àquele amor que não acreditava ser capaz de sentir até encontrá-lo.

I don't want a lot for christmas
There's just one thing i need
I don't care about the presents
Underneath the christmas tree
I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All i want for christmas is...
You




A moça de olhos cinzentos bufou, reconhecendo para si que aquela busca estava se tornando cada vez mais infrutífera... Depois de algumas horas andando pelo shopping, Samantha decidiu aparatar de voltar para casa.

Sentada no sofá, ela cruzou os braços, olhando para o nada. Pelo relógio da parede, percebeu que havia se demorado mais do que devia no shopping e nem pudera se arrumar para receber a visita do namorado. Mais essa para estragar o dia. Ela falhara em sua missão, miseravelmente.


Mesmo escutando o clique da porta sendo aberta, Sam não levantou o rosto. O rapaz que acabara de entrar no lugar pousou os olhos na namorada e não pode deixar de notar a expressão dela. Ele conhecia muito bem aquele biquinho de contrariação.

-O que aconteceu? – ele perguntou, aproximando-se dela, parando em pé, diante do sofá.


I don't want a lot for christmas
There's just one thing i need
I don't care about the presents
Underneath the christmas tree
I don't need to hang my stocking
There upon the fireplace
Santa claus won't make me happy
With a toy on christmas day
I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All i want for christmas is you



Samantha levantou o rosto, mantendo o bico nos lábios, mesmo diante dos olhos claros que lhe lançavam um olhar terno e preocupado.

-Eu estraguei tudo! Amanhã é praticamente Natal e não consegui encontrar para você o presente de Natal perfeito.

Oh!
All the lights are shining
So brightly everywhere
And the sound of children's
Laughter fills the air
And everyone is singing
I hear those sleigh bells ringing
Santa won't you bring me the one i really need



O rapaz riu, de um jeito ligeiramente divertido. Eram esses pequenos gestos que fizeram com que ele se apaixonasse por Samantha, pouco a pouco, sem perceber, até que se viu completamente enredado por aquele jeitinho brejeiro dela.

-Por que está rindo? – ela perguntou, começando a ficar irritada.

O namorado meneou a cabeça, ainda divertido e se sentou ao lado dela do sofá. Pousou a mão do rosto da moça fazendo um carinho, puxando delicadamente o rosto dela até que seus lábios se encontrassem em um beijo cálido e intenso que fez toda a frustração da moça desaparecer.

Quando ambos se soltaram em busca de um pouco de ar, ele mais uma vez a encarou com olhos sorridentes.

-Será que você ainda não entendeu, Samantha Blair, que tudo o que eu realmente quero no Natal é você?

Oh i don't want a lot for christmas
This is all i'm asking for
I just want to see my baby
Standing right outside my door
Oh i just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
Oh all i want for christmas is...
You

All i want for christmas is you... baby

All i want for christmas is you... you!



Os olhos da moça se arregalaram e ela permitiu-se sorrir de modo luminosos e intenso, refletindo a alegria imensurável que aquelas palavras lhe proporcionaram.

-Isso eu posso providenciar – ela respondeu, jogando-se nos braços dele em um impulso, deixando que seus lábios novamente se tocassem.

Para escutar a música, clique AQUI

Este post se passa depois dos eventos de Deathly Hallows





Another White Christmas


de Raven para Meri




Meridiana colocou de volta sobre a toalha de mesa festiva o belo Arcanjo que a enfeitava, e novamente não pôde deixar de sorrir ao vê-lo: em vez da tradicional espada, o anjo portava um sabre de luz em miniatura. Arrumação de seu pai, Nicholas Johnson.

Também fora arrumação dele, ainda que indiretamente, servir a ceia antes da meia-noite. Apesar de a sugestão ter sido de Meridiana, a verdadeira motivação foi o repetido beliscar travesso de Nicholas às travessas, e a ruiva não se incomodou em quebrar a tradição em favor da fome do pai. Combinaram apenas de manter a abertura dos presentes para o dia seguinte, mesmo porque vê-los embrulhados ao pé da árvore aguçava deliciosamente a curiosidade.

Meridiana fitou carinhosamente o pai. Ele a ajudara com a louça do jantar, e depois foi sentar-se no beiral da janela, observando a noite. A jovem sabia o quanto Nicholas ficava feliz por tê-la em casa no Natal, mas também sabia o quanto ele sentia falta de Elizabeth Johnson, principalmente nessas datas. Provavelmente era na mãe de Meri que ele pensava naquele momento.

Uma canção encheu o ar, vinda de alguma casa da vizinhança. Meridiana sorriu de leve ao ver o pai fechar os olhos e cantá-la num tom levemente desafinado:

I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the tree tops glisten
And children listen
To hear sleigh bells in the snow


I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all
Your Christmases be white


Meri caminhou até a janela e sentou-se do outro lado do peitoril; Nicholas abriu os olhos e sorriu ao vê-la. Continuaram, juntos, a canção:

I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the tree tops glisten
And children listen
To hear sleigh bells in the snow


I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases
May all your Christmases
May all your Christmases
May all your Christmases be white


I'm dreaming of a white
Christmas with you
Jingle Bells
All the way, all the way


- Obrigado, Pimentinha, por me ajudar com a música – disse Nicholas, com um brilho divertido no olhar – Afinação nunca foi o meu forte... Aliás, sua mãe costumava dizer que se eu escrevesse como eu canto, estaria perdido.

- Que exagero, pai - comentou Meridiana, rindo.

- Sabe, Meri, sua mãe adorava canções de Natal trouxas. Sabia todas, algumas até que nem eu conhecia. Essa que cantamos era a sua predileta; era ao som dela que Elizabeth gostava de pendurar os enfeites e as luzes na árvore – lembrou Nicholas.

- Como vocês comemoravam o Natal, pai? – perguntou Meridiana, aproveitando as memórias de Nicholas.

- Geralmente aqui no mundo trouxa, mesmo, já que um Natal em família com os Black-Thorne estava definitivamente fora de cogitação... Porém, Elizabeth quebrava um pouco as regras e me levava para ver a decoração de Natal das lojas do Beco Diagonal. A propósito, até hoje não sou capaz de compreender como vocês conseguem se orientar naquele espaço tão pequeno e tão lotado!

- Com o tempo a gente acostuma e passa a achar muito divertido – comentou Meri.

- Imagino... Mas, como eu dizia, eu e Elizabeth geralmente passávamos o Natal em casa, como passamos hoje. Não era preciso muita coisa para que nos sentíssemos felizes.

Ele olhou para a noite estrelada e ainda iluminada por alguns fogos de artifício, e um sorriso deslizou por seus lábios.

- Houve uma vez em que fizemos algo diferente – ele retomou, sem deixar de sorrir – Sabe aquele pequeno parque que tem aqui pertinho, que você chama de Jardim Secreto? Lá tem um pequeno lago que sempre fica congelado nessa época do ano.

Meridiana anuiu.

- Pois houve uma noite de Natal em que Elizabeth cismou que a ocasião merecia uma forma diferente de celebração: precisávamos ir até lá e patinar.

- Patinar? Na noite de Natal? - duvidou Meri, divertida.

- Sim, Pimentinha, pois a noite estava linda, sem neve, exatamente como hoje... E, por acaso, os patins ainda estão guardados dentro da parte de cima do meu armário – emendou Nicholas, com um brilho irresistível no olhar que dirigiu à Meridiana.

- Hm, pai, tem certeza disso? Patinação não é bem o meu forte... – começou Meri.

- Jovem Padawan, o que isso é? De si não duvide, tenha na Força fé e tudo o que desejar você de fazer será capaz – Nicholas pronunciou, com ar solene, fazendo Meridiana rir – Além do mais, jovem Princesa, que risco você correrá sob a proteção de seu Cavaleiro Particular?

A ruiva cruzou os braços, deitou a cabeça um pouco de lado e fitou o pai com uma sobrancelha erguida.

- Me dê só um minuto – pediu Nicholas, saltando do parapeito e sumindo corredor adentro. Poucos minutos depois retornou com os dois pares de patins pendurados no ombro e com casacos, gorros e luvas para si e para sua filha.

- E então? Vamos? – chamou, sorridente, estendendo as roupas para Meri e pegando a chave do carro.

Meridiana anuiu, e em pouco tempo chegaram ao lago congelado. Estava tudo muito calmo e silencioso, como se fosse um cenário de sonho que se desenhara apenas para eles. Pai e filha calçaram os patins e Nicholas, segurando firme as mãos de Meri, deslizou com ela pela superfície gelada.

- Vamos lá, Pimentinha! Afinal de contas, por que só Papai Noel tem o direito de deslizar por aí na noite de Natal? – brincou, divertido. E, em pouco tempo, pai e filha patinavam à vontade, equilibrando e desequilibrando-se numa coreografia estranha, posto divertida.

De repente, a neve começou a cair suavemente, em macios flocos algodoados.

- Hm, neve não estava prevista no roteiro – comentou Nicholas, entendendo a mão enluvada para capturar alguns flocos.

- Bem, pai, talvez desta vez haja neve por ser a nossa versão da história – comentou Meri, em meio a um sorriso.

- Sim, Pimentinha, você tem razão... E nessa nova história há espaço no roteiro para incríveis batalhas de bolas de neve? – perguntou Nicholas, simulando um ar sério e profissional.

Meridiana virou os olhos. Nicholas riu.

- Como quiser, pai – ela respondeu, sorridente. Porém, eu faço questão de manter a trilha sonora.

- Perfeitamente, senhorita. Podemos ensaiá-la, enquanto a batalha não começa?

Meridiana anuiu e, deslizando juntos pelo gelo, de mãos dadas, pai e filha retomaram a canção de Natal preferida de Elizabeth Johnson – e, por que não, deles também:

I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the tree tops glisten
And children listen
To hear sleigh bells in the snow

I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all
Your Christmases be white

I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases
May all your Christmases
May all your Christmases
May all your Christmases be white

I'm dreaming of a white
Christmas with you
Jingle Bells
All the way, all the way


Para escutar a música, clique AQUI







Let it snow


de Darien para Raven

Sem planejar, deixaremos acontecer.

Apesar do vento gelado, era um clima agradável. Por mais que as pessoas parecessem frias externamente, em seus interiores o sorriso e a alegria de estarem juntas as uniam num círculo incandescente.

Alguns casais caminhavam a esmo, como se não tivessem um lugar para onde ir; mesmo assim não se importavam com o clima, com a nevasca. As mãos deles se cruzaram, se tocaram, se sorriram. Era visível a olhos nus, de qualquer espécie de ser, a felicidade da Sonseria e do Lufano. Mesmo alguns anos após a adolescência escolar, o rapaz ainda se sentia como um, e era correspondido por Raven com a mesma intensidade.

Ao chegarem a casa, colocaram as compras para o Natal na cozinha. Enquanto Raven preparava coisas, e Luke limpava a entrada da sala que se sujara com a neve e acendia a lareira, a sonserina pegou-se a uma lembrança do passado. Mais precisamente, no primeiro ano deles fora de Hogwarts, quando as coisas do mundo bruxo iam a perfeito estado.

Nevava naquela mesma época, e ainda era final de Outubro. Raven estava radiante com o novo lar que ela mesma havia conseguido comprar, resolveu convidar os amigos mais íntimos para uma festa, e isso incluía Luke, quem não via desde a época a escola.

Na sexta daquela mesma semana, todos se encontraram e Raven pôde ver novamente o amigo cigano. Estava nevando, nevando forte. Apesar de tudo, Raven sentiu-se feliz em ver o amigo, achou-se estranho por repará-lo de uma forma.... um tanto quanto diferente, fora do campo amigável, mas ainda com um sentido bom no olhar. Ele estava mudado, pensou a menina, mas o que seria? Os cabelos? Estaria Luke se exercitando? Não! Era ela quem havia mudado, deixou de lado os preconceitos e apelidos que ganhara em Hogwarts, e passou a notar mais no amigo tão presente.

Convidaram-se novamente para uma passada pelas ruelas de Glasgow, na Escócia. Nada muito formal, nada muito romântico, nada muito estranho; eram apenas dois amigos conversando, se olhando, se dando as mãos, se reaproximando.

- Luke, parece que vai começar uma tempestade daquelas, não acha melhor corrermos?

A menina previu o que aconteceria, antes que pudessem chegar a qualquer lugar mais seguro contra a neve, estavam os dois cobertos por flocos brancos e estavam longe da estação de trem. Entraram numa galeria repleta de gente com alguns embrulhos em mãos, já se aproximava do Natal. Na galeria, da vitrine das lojas não se via nada além de gente correndo de um lado par ao outro, era uma liquidação, algo que fazia os trouxas agirem mais loucamente do que o comum. No corredor principal, uma música antiga embalava as compras.


“Let it snow, let it snow, let it snow.

It doesn’t show signs of stopping

And I’ve brought some corn for popping

The lights are turned down low

Let it snow, let it snow, let it snow.”



Era mágico o que os dois estavam vivenciando naquele momento, se juntaram à multidão numa dessas cafeterias. Conversaram, deixaram-se levar pela cômica visão que tinham de pacotes das mais variadas cores, comentários em tantos tons de voz. Apenas se entre olharam e deixaram fluir toda aquela vontade presa que seguravam até então. Beijaram-se. Foi o primeiro beijo deles que reacendeu a chama de antes.

- Rave, escute isso!

Era a mesma música, a neve voltava a cair dentro da sala onde Raven e Luke estavam se olhando. Um sorriso infantil apareceu no rosto dos dois.



“When we finally say goodnight

How I’ll hate going out in a storm

But if you’ll hold me tight

All the way home I’ll be warm”



Embora a música estivesse por acabar, eles se admiravam sem dizer uma única palavra, sem mover um músculo, apenas por sorrirem. Não tinham para onde ir, como dizia a música. Apenas deveriam deixar acontecer.



“The fire is slowly dying

And my dear we’re still goodbying

Long as you love me so

Let it snow, let it snow, let it snow.”



Realmente o fogo estava por acabar, e eles nem ainda começaram a se despedir, mas ainda davam tchau um ao outro, como na época em que Luke visitou Raven pela primeira vez. Dali em diante, todos os dias foi assim despreparado, organizadamente desorganizado. Eles apenas deixariam a neve cair e a aproveitariam ao máximo que pudessem.


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Have yourself a merry little Christmas


de Meri para Selune

Selune se lembrasse muito pouco dos seus primeiros anos de vida, antes dos cinco anos de idade, ela sentia ter guardado aquela sensação de plenitude e alegria que as ocasiões de Natal traziam.

Sua lembrança mais marcante era o pai sentado ao lado dela no piano, a mão sobre o ombro da filha, enquanto a loirinha dedilhava os esboços de alguns acordes entusiasmados de quem estava começando a aprender a tocar.

Antes disso, sempre havia a árvore e os presentes sendo desembrulhados aos pés dela, papéis coloridos voando para todos os lados e risos ecoando por toda a casa.

Eram lembranças preciosas que a francesinha tentava manter firmes e coesas nos entremeios de sua cabeça por vezes complicada e enrodilhada de pensamentos diversos e emaranhados.

Depois da morte de Sebastian Priout, um pouco daquela alegria se foi, e, mesmo Selune, Valentine e Victoria se esmerando para recuperar o brilho dos tempos antigos, sempre havia um vazio que não se conseguia ignorar.

Contudo, naquele ano, em que Alexis e Lucien haviam se unidos a eles e se tornando efetivamente família para aquelas três mulheres, a moça percebeu, esperançosa, que as coisas poderiam ser diferentes.

Ela notou tal sensação no dia em que acabara nos jardins da mansão, brincando na neve com seu novo irmão. Era como recuperar uma infância que nunca teve, algo que deveria ter sido, talvez com algum outro irmão que não possuiu, mas estava acontecendo agora.

Não era como se Alexis e Lucien estivessem substituindo Sebastian, era algo ligeiramente diferente, que Selune se sentia incapaz de expressar em palavras, talvez apenas as teclas do piano pudessem traduzir aquele sentimento.

A impressão que a moça tinha era a de estarem todos eles destinados a se encontrarem... a se tornarem uma única e unida família, capaz de se apoiar e proteger.

Ela levantou um pouco a cabeça do divã em que estivera deitada até aquele instante, dirigindo-se para o piano. Passou todos os dedos pelo teclado como se fizesse um suave carinho em um velho amigo... a ponta dos dedos tentando ler o que o instrumento queria lhe falar, qual música ele escolheria para soar através de si naquele dia.

Os acordes de Claire de Lune se misturaram ao som da abertura de Tristão e Isolda de Wagner...que acabaram se tornando o esboço de Cannon em Ré Menor, a música favorita da moça...

Ainda assim, não era aquela melodia que Selune procurava para exprimir o que ela sentia. Até que a canção brotou, tímida e insegura a príncipio, ganhando, literalmente voz no som das teclas e nas estrofes que a moça murmurava com uma voz maviosa e cheia de sentimentos.

Aprendera a canção com Raven e Meri , acabando por incorporá-la ao seu repertório de músicas indispensáveis para o Natal... Ela era perfeita! Perfeita para traduzir todas as emoções que a moça trazia no peito.

Have yourself a merry little Christmas
Let your heart be light
From now on, our troubles will be out of sight

Have yourself a merry little Christmas
Make the Yuletide gay
From now on, our troubles will be miles away

Here we are, as in olden days
Happy golden days of yore
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us
Once more

Through the years, we all will be together
If the fates allow
Hang a shining star above the highest bough
And have yourself a merry little Christmas now


Tão entregue estava naquela cantar, que Selune mal se apercebeu que o irmão voltara até que ele estivesse em pé pouco atrás dela.

-Não precisa parar por minha causa – ele falou com uma voz cheia de alegria e satisfação.

Ela observou os traços dele, sorrindo para si mesma ao constatar que as coisas deveriam ter se acertado satisfatoriamente entre Meri e Lucien.

-Pelo visto, agora eu tenho uma cunhada, non? – ela disse, contente.

Lucien assentiu.

-Depois conto a você como realmente as coisas transcorreram.

A loirinha concordou.

-Temos que abrir os nossos presentes.

O moreno franziu a testa, confuso, quando saíra de casa para visitar Meridiana, estavam prestes a abrir os embrulhos sob a ávore, por que agora ela o esava chamando para fazê-lo? Como se estivesse lendo os pensamentos do rapaz, Selune se prontificou a responder.

-Preferimos esperar, sem você não seria a mesma coisa.

Lucien sorriu de lado, reconhecendo que tinha razão em sua decisão. Não tinha sentido sem todos juntos, ainda mais considerando que era o primeiro Natal deles. Eram uma família, afinal. Ele pensou consigo no presente que escolhera para a irmã. Um dos cadernos de partitura de sua falecida mãe...

-Você está certa, é melhor todos juntos. – Lucien concordou. – Mas antes, será que poderia tocar mais uma vez a música de agora há pouco.

A loirinha assentiu, preparando-se mais uma vez para voltar a tocar e cantar. Lucien sentou-se ao lado dela, pousando a mão com delicadeza sobre o ombro da irmã. A sensação de conforto e proteção era quase a mesma que o pai lhe dava quando menina. Por vezes, ela se perguntava se Alexis e Lucien não haviam sido algum presente abençoado que o pai lhes enviara, de algum modo, no outro mundo.

Com esse pensamento doce em sua mente, ela tomou fôlego e começou novamente a tocar e cantar.

Have yourself a merry little Christmas
Let your heart be light
From now on, our troubles will be out of sight

Have yourself a merry little Christmas
Make the Yuletide gay
From now on, our troubles will be miles away

Here we are, as in olden days
Happy golden days of yore
Faithful friends who are dear to us
Gather near to us
Once more

Through the years, we all will be together
If the fates allow
Hang a shining star above the highest bough
And have yourself a merry little Christmas now


Selune simplesmente sabia que estava feliz

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A fic se passa no Natal de Half-Blood Prince





Jingle Bell Rock



De Raven para Sat

Do lado de fora, num galho de árvore coberto de neve, uma grande ave de penas azeviche crocitava escandalosamente.

- Minha Morgana, por que esse pobre bicho grita tanto assim? – resmungou Yvaine, olhando através da janela – Ele podia ser um pouco mais discreto, ou então um pouquinho menos desafinado!

- Coitadinho do corvo, minha Berinjela resmungona – brincou Satanio, enlaçando a namorada pela cintura e passando também a observar a ave, que agora ajeitava as penas da asa e se sacudia para livrar-se dos flocos de neve – ele também tem direito de expressar seus sinceros votos de Feliz Natal!

- Ah, sim, estou vendo a gentileza dele em nos felicitar – retrucou Yvaine, risonha – Agora só falta você me dizer que corvos são amorosos e fofinhos!

- Bem, fofinhos eu não diria, mas sim que são excelentes e fiéis amigos – respondeu o rapaz, com um meio sorriso e uma piscadela – Você não acredita, posso perceber. Então, aninhe-se aqui no colinho do papai Sat porque ele irá contar a você um ótimo conto de Natal – ele completou, conduzindo a namorada para um pequeno sofá perto da lareira.

Assim que se viram confortavelmente instalados, Sat começou, sem abandonar seu irresistível meio sorriso:

- Era uma vez, há alguns anos, em um misterioso e secular castelo chamado Hogwarts...

*******

Meio escondido na penumbra dos corredores que levavam às Masmorras da escola, Satanio observava os arredores com olhos astutos e brilhantes, à espera de encontrar algo que lhe proporcionasse alguma divertida aventura.

Aquele era seu primeiro ano em Hogwarts e também seu primeiro Natal longe de casa. Seus pais estavam em viagem a trabalho e não tinham conseguido encerrar suas tarefas a tempo de retornar a Londres; e, ainda que os avós de Sat o tivessem chamado para passar o feriado com eles, o irrequieto garoto preferiu ficar em Hogwarts, uma vez que o castelo vazio e com menos vigilância seria o terreno ideal para inúmeras traquinagens.

Caminhando o mais silenciosamente possível, Sat virou mais um corredor e encontrou as Masmorras. A maior delas era aquela onde Severus Snape ministrava suas aulas de Poções, e, a princípio, parecia o melhor lugar para uma primeira expedição exploratória. Dificilmente seria pego, uma vez que Filch e Snape estavam às voltas com a ceia e a probabilidade de deixarem a mesa do banquete com rapidez era mínima; assim, valia muito a pena arriscar...

Sat aproximou-se com cuidado da porta e testou a maçaneta. Para sua surpresa, a porta abriu-se mansamente; distinguiu as carteiras, o armário e a mesa de Snape em meio à penumbra. Levou a mão à veste para pegar sua varinha e usar um lumus para deixar as coisas mais visíveis; porém, antes que conjurasse o feitiço, um barulhinho suspeito o fez estacar. Apurou olhos e ouvidos: tudo quieto. Entretanto, Sat achou melhor prosseguir a exploração no lusco fusco até que estivesse certo de que podia clarear o ambiente sem ser descoberto ou correr o risco de acordar alguma coisa.

Sat passeou ao redor da Masmorra os olhos já quase acostumados à pouca iluminação. Divisou a estante cheia de potes com ingredientes sinistros, capazes de dar vida a qualquer tipo de poção... Era muito tentador, ainda que cozinhar demorasse muito mais que fazer um feitiço; entretanto, havia efeitos impagáveis de poções pelos quais valia a pena esperar... Ah, se valia!

Porém, melhor ainda que a estante cheia de vidros, era o armário... Ali dentro deveria estar o fino dos ingredientes para se fazer qualquer coisa, tanto que Snape o mantinha trancado não só com feitiços, como também com uma chave que trazia sempre consigo. Hm, se houvesse um jeito alternativo de se abrir aquele armário...

Um novo barulho leve e rasteiro cortou o raciocínio de Satanio. Decidido a enfrentar fosse o que fosse que o espionava, o garoto virou-se de frente enquanto sacava sua varinha. O gesto repentino o fez trombar em cheio com uma coisa, e essa coisa soltou um grito pavoroso ao ser atingida; o grito alarmou Satanio que, instintivamente, também se pôs a gritar a plenos pulmões.

Assim como começou, a coisa parou de gritar; Satanio a imitou, quase sem fôlego. Um lumus minima se fez ouvir e, iluminado pela leve claridade, apareceu à frente do sonserino o rosto assustado e também ofegante de uma garota magrela com negros cabelos bagunçados que ele já vira antes pelos corredores da Sonserina.

- Hm... Quem é você? – arriscou o garoto, para quebrar o incômodo silêncio pós-escândalo – Eu sou Satanio Goddriac, e acho que sou seu colega de Casa...

- E-eu sou Raven Sinclair... somos colegas sim, já o vi em nossa Sala Comunal e você acaba de me dar o maior susto da minha vida! – respondeu a garota, com um suspiro.

- Ah, eu que assustei? Você apareceu do nada na minha frente! – exclamou o loiro.

- Acho que preciso lembrá-lo de que você também surgiu do nada na minha frente! – a menina devolveu, apontando o dedo para o peito de Sat.

- Está bem, está bem, vamos fingir que conseguimos furar o bloqueio de Hogwarts e aparatamos aqui exatamente agora, pode ser? – sugeriu Satanio, conciliador – E agora, o que vamos fazer? Melhor, o que você está fazendo na Masmorra de Poções bem na noite de Natal, Srta. Sinclair?

- Hm... Pesquisando... Observando o ambiente – ela respondeu, evasiva, correndo os olhos pela estante forrada de potes sinistros – E você?

- Bem, mais ou menos a mesma coisa, só que eu pretendo me divertir – explicou Sat, com um sorrisão – Veja só todas essas melequeiras em conserva, imagine a quantidade de coisas legais que se pode fazer com elas!

- Melequeiras? Mas que falta de respeito! – exclamou Raven, chocada – Aqui pode ter muita coisa de aparência horrível, mas são ingredientes sutis para poções importantes! Você não presta atenção nas aulas do Professor Snape?

- Sim, presto, mas acho que não tanto quanto você – devolveu Satanio, risonho, encarando a sonserina – Me diga então qual poção importante se pode fazer com essa... hã... coisa aqui – ele desafiou, pegando da estante um pote cheio do que parecia uma estranha gosma amarelada.

- Hm... Eu posso estar enganada, mas ou isso é sumo de Visgo do Diabo ou então é baba de macaco javanês – respondeu Raven, avaliando o pote com o cenho franzido – Bem, um ou outro podem potencializar poções mais simples, e não entendo porque o Professor Snape deixou um ingrediente perigoso assim tão à vista...

Satanio avaliou a menina de cabelos negros ainda distraída com o pote. Ela parecia estranha, mas também inteligente. Ele sabia que os colegas a achavam meio freak e não era muito bem vista pelos sonserinos tradicionais por sua amizade com uma menina ruiva da Grifinória. E, seria impressão de Satanio, ou a forma de ela pronunciar o nome do Diretor da Sonserina parecia querer expressá-lo todo em letras maiúsculas?...

- Como é que você sabe essas coisas, Sinclair? – Sat perguntou, realmente curioso.

- Eu gosto muito de Poções, é a única coisa para a qual tenho um certo dom... E também tenho uma tia que entende do assunto – a menina respondeu, colocando o pote de volta na estante – E você pode me chamar de Raven, Goddriac – ela completou, com um sorriso tímido.

- Satanio, para os íntimos – disse o garoto, numa reverência brincalhona – Mas, Raven, estamos perdendo tempo, vamos fazer algo de legal por aqui. Que tal alguma poção para animar coisas? Para sair voando? Para transformar coisas em ouro? Ou em comida?

- Em chocolate! – exclamou Raven, e um fugaz brilho de cobiça acendeu seu olhar – Isso, Satanio, eu infelizmente não sei fazer e nem sei se é possível... vou procurar saber. Ah, mas eu sei fazer chiclete!

- Sabe?!? – exclamou Sat – Aquele chiclete que vende na Dedos de Mel? Por que não disse antes?? Mãos à obra! O que eu posso fazer para ajudar?

- Mas, e se o Professor Sna...

- O Snape está ceando, duvido que ele ou o Filch abandonem toda aquela comida tão cedo – afirmou Satanio, animadíssimo – Pode ficar sossegada que ninguém irá nos descobrir... O fogo é alto ou baixo?

- Nada de fogo ainda, menino, só se esquenta o caldo no final do preparo! – disse Raven, impedindo o gesto da varinha de Satanio – Bem, já que você garante que não seremos pegos e quer ajudar, então vá pegando na estante para mim os potes que eu pedir, está bem?

- Claro, claro, tudo pelo chiclete! Um caldeirão de chiclete!!

Despreocupados, os garotos foram dando corpo àquilo que em pouco tempo se tornaria um delicioso chiclete, ainda que Satanio tivesse suas dúvidas...

Jingle-bell, jingle-bell, jingle-bell rock,
Jingle bells swing and jingle bells ring.
Snowin' an blowin' up bushels of fun,
Now the jingle hop has begun.


- Raven, tem certeza de que esse negócio aí vai dar certo? Nunca vi chiclete líquido! – ele perguntou, coçando a cabeça enquanto avaliava o conteúdo do caldeirão com olhos nada confiantes.

- É assim mesmo que começa, Satanio, confie em mim. Só quando tudo estiver bem misturado é que a gente acende o fogo e o caldo pega consistência de grude, entendeu? Para fazer poções não se pode ter pressa, tem que ter paciência...

Jingle-bell, jingle-bell, jingle-bell rock,
Jingle bells chime in jingle-bell time.
Dancin' and prancin' in Jingle Bell Square
In the frosty air.


Depois de um resmungo de Sat e mais algumas mexidas no caldeirão, Raven pediu-lhe que acendesse o fogo; assim que abriu fervura o caldo começou a engrossar e a formar belas bolhas cor de rosa, fora o delicioso cheiro doce que se espalhava pela Masmorra...

- Deu certo! Bem que você disse! – exclamou o garoto, entusiasmado, enquanto Raven sorria, sem descuidar do caldeirão – E quando vamos poder atacar essa maravilha?

What a bright time, it's the right time
To rock the night away.
Jingle-bell time is a swell time
To go glidin' in a one-horse sleigh.


Giddy-yap jingle horse; pick up your feet;
Jingle around the clock.
Mix and mingle in a jinglin' beat;
That's the jingle-bell rock.


- Assim que terminar de ferver nós a espalharemos ali naquele mármore e, quando esfriar, poderemos cortar a massa em quadradinhos e mandar ver! – a menina exclamou, feliz.

- Isso se eu permitir, o que me parece muito pouco provável, Sr. Goddriac, Srta. Raven – disse repentinamente uma voz profunda e fria.

Os garotos ergueram os olhos e deram com a austera figura do Diretor da Sonserina que, enrolado à capa, os observava com cara de muito poucos amigos. Eles estavam tão distraídos com o que faziam que sequer notaram a chegada de Severus.

- P-professor Snape eu... eu posso explicar – começou Raven, subitamente trêmula e corada até a raiz dos cabelos – É que eu estava...

- Ela estava estudando aqui na Masmorra, professor, quando eu apareci e a desafiei a fazer alguma coisa com os ingredientes da estante – cortou Satanio, assumindo corajosamente a situação.

Raven encarou o garoto loiro e chegou a abrir a boca para objetar; entretanto, um gesto de Snape a fez calar-se.

- Estudando ou bisbilhotando, eu não admito ninguém entrando nas minhas Masmorras sem minha autorização – ele sentenciou, ríspido.

- Era por uma boa causa, professor – disse Satanio, abrindo seu sorriso mais sedutor – Pretendíamos depois distribuir todo esse chiclete para nossos amigos como presente de Natal.

- É sim, Professor Snape – corroborou Raven, tentando demonstrar inocência.

- Ah, que bonito, isso... Estou sinceramente emocionado com tamanha gentileza – debochou Severus, mexendo displicente o róseo conteúdo do caldeirão – E, para aproveitar o espírito natalino dos senhores, convido-os a passarem os próximos dois dias areando os caldeirões daquela pilha e eviscerando aquela bacia de lagartas... – sugeriu, enquanto seus olhos negros passavam dos garotos para os fundos do cômodo – Acredito que não me negarão essa demonstração de generosidade - completou.

- Não, senhor professor Snape – Satanio e Raven, vencidos, responderam em uníssono, depois de se entreolharem, meio enojados.

- Pois muito bem. Estejam aqui amanhã às oito em ponto. Podem ir – ordenou Snape.

Raven seguiu até a porta, com Satanio em seus calcanhares. O loiro, porém, a fim de não dar a noite como perdida, voltou-se para Snape e perguntou, com ar angelical:

- Mas, professor, o senhor vai nos deixar mascar o nosso chiclete enquanto trabalhamos, não vai? Seria uma pena desperdiçar essa massa tão boa...

Severus ergueu a sobrancelha, incrédulo, e Raven conteve a respiração. Sat, então, pegou a garota pela mão e ambos saíram disparados pelo corredor, sem esperar a resposta de Snape...

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White Christmas


de Sam para Meri

Naquele final de dia a nevasca dera uma trégua. Há dias aquela pequena criança olhava pela janela de casa esperando a permissão do pai para poder sair e brincar. O natal estava chegando, o que trazia neve e a levava a querer fazer um boneco de neve, como nos seus últimos sete anos de vida.

Daquela vez tinha demorado mais para conseguir realizar sua vontade. Nevara muito e seu pai a proibira de sair de casa até ele falar que estava seguro para ela. Desde então dois olhos verdes e brilhantes ficavam grudados na janela, esperando o tão esperado momento.

Meridiana sentiu a mão de seu pai e virou os olhos, esperançosa. O sorriso que ele a dirigia e o casaco dela que ele segurava era tudo o que precisava para saber, iriam sair para brincar na neve e ver as decorações natalinas.

Nicholas prometera a si que sua filha iria sempre aproveitar o natal, não iria ficar triste naquela data tão feliz e por isso passeava com ela, mostrando os presépios, os corais e sempre contado as lendas e historias natalinas.

I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the tree tops glisten
And children listen
To hear sleigh bells in the snow


A ruivinha era somente sorrisos enquanto andava pela calçada. As casas enfeitadas com bonecos de Papai Noel, luzes piscando e grandes presépios.

- Vamos fazer um boneco papai? – Ela falou ao olhar a neve e as árvores que pareciam brilhar com os pequenos flocos nelas.

- Primeiro vamos até a praça, você ficou esperando tanto por esse dia e já esqueceu o que tem hoje? – Ele respondeu.

Meri parou e ficou pensativa. Presépios... Bonecos de neve... Luzes de natal… O que teria esquecido?

O som um pouco distante de um sino fez com que a menina se lembrasse, faltavam as músicas! O coral onde ela aprendeu as canções que cantava todo dia 25 de dezembro com seu pai. O coral que assistia todos os anos.

Ao perceber que esqueceu algo tão importante que, pelo bater dos sinos, já iria começar, Meri puxou a mão do seu pai para andarem mais rápido, estavam atrasados

I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all
Your Christmases be white


- Chegamos a tempo!! – Meri falou buscando o ar que perdera na corrida, mas sem perder e empolgação.

Ela largou o pai e, cortando a multidão que começava a se formar, ficou na frente do Coral. A regente olhou para a ruivinha que todo ano os assistia com olhos brilhantes, verdadeiras esmeraldas. Sem que a menina soubesse, eles atrasaram um pouco a apresentação, queriam que sua pequenina fã estivesse lá.

Para a surpresa de Meridiana, e de seu pai que observava um pouco mais ao lado, uma senhora saiu do coral com um envelope na mão e entregou para a menina. O coral fez uma pequena surpresa para a sua fã mais fiel. A menina abriu o envelope e sentiu seus olhos se encherem de lagrimas que tentava em vão segurar. Era um lindo cartão de natal, com um coral desenhado e dentro dele um caderninho com varias músicas natalinas.

I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the tree tops glisten
And children listen
To hear sleigh bells in the snow


Com um grande sorriso no rosto, Meridiana lia o caderninho e cantava a primeira música apresentada. Ela não precisava do papel sabia a música toda, White Christmas era a sua preferida, mas queria muito usar o presente que acabara de ganhar.

Ao término da primeira apresentação a ruivinha aplaudiu calorosamente. Seu rosto este vermelho pela felicidade que irradiava. Ela olhou para as pessoas em volta esperando vê-las com o mesmo sentimento que tinha. Um grupo de crianças um pouco ao lado compartilhava alegria da menina, mas um garoto mais afastado da multidão chamou sua atenção. Ele estava abraçado ao pai que tinha a feição tão triste quando o filho.

I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases
May all your Christmases
May all your Christmases
May all your Christmases be white


A segunda música começou e a ruivinha não abriu a boca, olhava curiosa para o garoto que não cantava também. Parecia que aquilo tudo era muito estranho e novo para ele, ela não entendia como alguém poderia estar triste em uma época tão especial como aquela.

Sem pensar duas vezes Meridiana andou decidida até o menino, era claro que ele não cantava pelo motivo mais óbvio e ela poderia ajudá-lo.

- Oi. Tudo bem? – Ela falou com um pequeno sorriso no rosto para o garoto que a olhava curioso. – Eu ganhei esse caderninho com as músicas que vão cantar hoje. Se quiser, você pode ler e cantamos juntos.

A ruiva entregou o caderno ao garoto e com uma das mãos o puxou mais para perto do coral. Ele precisaria ouvir bem para cantar.

I'm dreaming of a white
Christmas with you
Jingle Bells
All the way, all the way


Se sentido envolvido pela felicidade da garota que apareceu ao seu lado, o garoto olhou para o caderno e para o coral a sua frente, em duvida sobre o que fazer. Olhou para seu pai que somente assentiu com a cabeça, esperançoso que aquela atitude repentina da menina ajudasse seu filho a voltar a sentir o espírito de natal.

O menino sentiu uma mãozinha segurar a sua enquanto balançava o corpo e cantava em plenos pulmões. Ele olhou para a menina e um sorriso apareceu em seu rosto. Olhou para o caderno em sua mão e tentou acompanhar a letra cantada.

Meri viu que o menino tentava cantar e a cada mudança de música ele conseguia acompanhar cada vez melhor. Ao final da apresentação os dois estavam sorrindo e cantando juntos.

- Espero que tenha gostado. – Ela falou quando ele devolveu seu caderninho.

A resposta foi um abraço forte do menino que correu envergonhado para o pai.

A ruivinha voltou para o seu pai com um sorriso enorme, contando sobre o menino de olhos bicolores que não conhecia as músicas de natal e por isso estava triste. Esperava vê-lo novamente no natal seguinte ou, se pudesse, algum outro dia na sua vida.

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Winter


de Selune pra Darien


I should know who I am by now
I walk the record stand somehow
Thinkin' of winter
The name is the splinter inside me
While I wait



Darien caminhava sem pressa para a torre da Corvinal, as mãos enterradas nos bolsos até os pulsos, mergulhado até o pescoço em seus próprios pensamentos. Tão pouco tempo, tanto havia mudado e agora era difícil estabelecer todas as fronteiras que definiam quem era ele. Um rapaz recém chegado de um lugar estranho, outro planeta além das ilhas britânicas, a cor dos cabelos, um marco da mudança, uma referência explícita, um tanto não intencional cheia de intenção, da casa de Rowena Ravenclaw.

Veio do Canadá com o firme propósito de fazer tudo diferente: já que a mudança era inevitável, as coisas tinham de melhorar. A vida de seus pais não podia ficar mais complicada, sua vida não poderia ficar mais complicada e, por Merlin, ele, um garoto de pouco mais de uma década merecia um roteiro de vida com mais romance, um pouco menos de questões existenciais.

And I remember the sound
Of your November downtown
And I remember the truth
A warm December with you


"Mon Dieu" - pensou o corvinal - "commant posso dar uma virada se tudo o que faço é girar 360º graus e acabar, como no começo, olhando para o mesmo lugar, para trás, para... casa?”

Balançou a cabeça para reorganizar sua cabeça: precisava entender que o Canadá não era mais sua casa, sua vida não era mais a mesma e era vital se acostumar e tratar de sobreviver. Em quê isso poderia ser tão difícil?
Olhou por cima dos ombros em direção às mesas onde há apenas alguns minutos pudins, tortas, suspiros, mariolas e outras guloseimas, alguns alunos entoavam uma canção natalina, enquanto outros se empenhavam em não deixar uma migalha sequer como prova do surto de gula, sorrindo, se cumprimentando, as bochechas rosadas por causa do friozinho persistente e dos excessos de cerveja amanteigada.

Eram todos rostos que não conhecia bem, nomes que ainda não sabia dizer de cor, rostos que emolduravam sorrisos que escondiam histórias que poderiam ser um sem número de adjetivos.

Mesmo que se conhecessem há mais tempo, mesmo alguns que fossem amigos desde o primeiro ano na escola, todos eram mundos à parte, cada um senhor de um universo particular escondido sob o véu onde se podia ler apenas a superfície óbvia: nome de casas, pureza de sangue, posses, cargos no time de quadribol, esforço de proximidade com o garoto que sobreviveu, ódio ao garoto que sobreviveu.

E bem lá no fundo, soterrado por camadas e camadas de rótulos, um mistério ainda restaria e isso faria de cada um único num mar de estranhos numa terra estranha, compartilhando parte de suas histórias, tentando aproveitar do melhor jeito esse momento.

But I don't have to make this mistake
And I don't have to stay this way
If only I would wake


Um suspiro escapou do peito enquanto mirava o teto desfazendo-se em neve encantada. Um esboço de sorriso tilintou no canto de seus lábios: a cena não seria presságio de coisas ruins. O céu seria sempre o mesmo, ainda seria o céu natalino, onde quer que ele estivesse. Era isso, então, o que ele tinha de ter diante dos olhos: estava numa das mais antigas escolas de magia e bruxaria do mundo, com toda sua grandeza, sua história – história que, agora, era dele também. Seu lar era onde seu coração fixasse morada e seu coração romântico estava já se afeiçoando às velhas paredes de Hoggy. Um jeito simples de adquirir contentamento, isso é o que era!

Já andava a pequenos trotes quando percebeu que já havia passado pela aldrava de bronze em forma de águia e respondido qualquer coisa sobre os mundos dentro dos mundos.

No aconchego da sala comunal, escorregou para uma poltrona bem próxima às grandes janelas em arco que davam para as montanhas. A neve dançava lá fora, um ballet branco e de compasso suave que projetava pequenas sombras no tecido de seda azul e bronze das paredes, todo o lugar se enchendo de líquida luminosidade.

“Eu devo me misturar bem à composição de cena por aqui...” ele passava a mão pelos cabelos, meditando a respeito da sobreposição de tons de azul combinado às estrelas pintadas no teto. “Isso pode ser útil se um dia precisar me esconder da Murta.” – mentalmente tomou nota deste ponto de relevância para sua vida futura.

- Cara, você definitivamente combina com a decoração, eu devo dizer...

The walk has all been cleared by now
Your voice is all I hear somehow
Calling out winter
Your voice is the splinter inside me

While I wait


Em seu solilóquio ton sur ton não havia percebido que a poucos metros de sua poltrona, junto à janela em arco, havia uma profusão de almofadas aglomeradas num pufe improvisado sobre o tapete azul meia-noite. Afundado em meio a este trono de rei plebeu, observando-o através do reflexo nas vidraças, um jovem de olhos castanhos brilhantes, sorriso fácil e o rosto mais amistoso que vira nestes primeiros meses em Hogwarts.

- Jamal Keene. – o estranho se apresentou, acenando bobamente para o próprio reflexo no vidro.

- Uh... Darien Semog. – ele também respondeu para a janela, se sentindo ligeiramente tolo.

- E então, também esperando que as toneladas de comida sejam processadas até que possa recuperar o uso pleno de suas faculdades mentais?

- Bem, na verdade não. Só... pensando. – como o garoto continuasse a olhar para ele com interesse, continuou – sobre as mudanças, você sabe. E a vida, o universo e tudo o mais.

- Wow, isso tudo hoje, na véspera de Natal... É um pensador? Um racionalista? Um ébrio de suco de abóbora? – o estranho sorriu para o reflexo, ainda demonstrando interesse gentil sobre a vida azul de Darien. No entanto, ao mesmo tempo, seus olhos estavam fixos do lado de fora, como se algo de extrema importância estivesse se desenrolando lá em baixo.

And I remember the sound
Of your November downtown
And I remember the truth
A warm December with you
But I don't have to make this mistake
And I don't have to stay this way
If only I would wake


- Na verdade, só um curioso... um entusiasta da vida. - sem perceber, Darien se levantou e foi se aproximando da janela até estar tão colado ao vidro como o colega de olhos castanhos; ajoelhou-se do lado do rapaz e preparou uma pergunta que não chegou a deixar seus lábios. Ao pé das montanhas, em meio a neve que ainda caía graciosa, centenas de pontos luminosos flutuavam em um compasso ritmado: elipses para cima, para direita, para baixo, para a esquerda, numa nuvem de luminosidade que fazia parecer que todas as montanhas flutuavam.

- É uma suspensão de ignis fugit. Uma espécie de partícula mágica luminosa que se forma da dispersão de pólen de uma flor que só nasce aos pés das montanhas que circundam Hogwarts. No inverno, em geral nos sete dias antes do ano novo, a flor dispersa essa pólen, em seu ciclo normal de vida mágica. Devido às altas concentrações de manipulação mágica feita por anos e anos aqui nos terrenos da escola, a natureza acabou precisando arranjar um modo de escoar os refugos e aí... isso acontece.

Darien estava maravilhado. Nunca vira algo tão interessante. Aliás, como assim ninguém nunca contara isso a ele?

- É claro que sempre existe a possibilidade de serem fadas comemorando o fim de ano... Jamal olhou os olhos azuis do colega azul e sorriu.
I could have lost myself
In rough blue waters in your eyes
And I miss you still


Darien observou o moreno e, em meio a um sorriso, olhou de volta para o ignis fugit e deixou seus olhos vagarem na luminosidade contrastante com a neve que ainda caía calma; por fim sentiu o peso do sono pesarem suas pálpebras e, antes que começasse a per der o equilíbrio, levantou-se rápida mas discretamente. Tão logo alcançou sua poltrona um ramo de visgo aleatório começou a flutuar no exato espaço que esteve entre os dois.

- É...Acho que essa é a nossa deixa o sono está nos vencendo e o castelo já começou a pregar peças para nos fazer ir para cama mais depressa. Dessa forma– disse Jamal, acenando enquanto se arrastava para os dormitórios – boa noite, Azul, foi um prazer conhecê-lo. E... Feliz Natal!

- Feliz Natal, Jamal. E até qualquer dia!

Não fazia dez minutos que se conheciam e a sensação de familiaridade era absolutamente sem sentido; no entanto, mas a ele parecia que Jamal era alguém em quem ele poderia vir a confiar sem reservas, um possível futuro verdadeiro amigo.

And I remember the sound
Of your November downtown
And I remember the truth
A warm December with you
But I don't have to make this mistake
And I don't have to stay this way
If only I would wake


Para quem não sabe, Darien é franco-canadense e se mudou para Hogwarts apenas no terceiro ano, portanto esta fic se passa durante O Prisioneiro de Azkaban

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Winter Wonderland


de Sat para Mina

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sleighbells ring, are you list'nin?
in the lane snow is glist'nin
a beautiful sight
we're happy tonight
walkin' in a winter wonderland!



O ano passara muito rápido e já era natal. Essa era a visão de quase todos que arrumavam as Hébridas para as festividades, mas para as crianças que aguardavam aquilo o ano todo, o tempo passou muito, muito devagar.

Kieran fazia parte do grupo que olhava o calendário todos os dias, esperando ansiosamente o grande dia, afinal natal era igual a muitos presentes.

Naquele final de dia Mina arrumou seu irmão para andarem pela vila.

- Kieran, não esquece de levar o seu cachecol. O sol já esta se pondo e vai ficar mais frio. – Ela falou parada na porta esperando o irmão.

- Vou pegar...

O som de um sino familiar fez com que o menino de quatro aninhos sorrisse para a irmã e corresse para fora da casa.

- Trenóóóó!!!! – Ele gritou ao passar pela porta


gone away is the bluebird
here to stay is the new bird
he sings a love song
as we go along
walkin' in a winter wonderland!



Mina virou os olhos e ao mesmo tempo abriu um sorriso bobo e orgulhoso. A cada dia ele estava mais esperto e sapeca. Ela pegou o cachecol de Kieran e saiu de casa rapidamente, antes que ele decidisse andar sozinho pela cidade.

Ela acomodou o menino no trenó que chamara especialmente para aquele dia e sentou ao lado dele, estavam prontos.

- Espere um pouco. – Ela falou para o condutor.

A domadora pegou uma folha azul e escreveu rapidamente nela. Com a habilidade de quem já fizera aquilo algumas vezes, ela dobrou o papel rapidamente e, para a felicidade de Kieran, surgiu um pequeno pássaro de papel azul.

Com um leve sopro dela, o pássaro saiu da sua palma da mão fazendo seu caminho pelo céu, sendo aplaudido com força por Kieran.


in the meadow we can build a snowman
then pretend that he is parson brown
he'll say, "are you married?"
we'll say, "no, man!
but you can do the job when you're in town!"



Por meia hora os irmãos passearam juntos, Kieran observando tudo e todos e Mina observando seu irmão caçula. Ela não tinha como negar, ficava sempre com aquele olhar encantado quando o via.

- Vamos parar por aqui e fazer um boneco de neve? – Ela sugeriu para o garoto que já se levantava pedindo para pararem.

Os dois se divertiram montando o grande boneco de neve que, na opinião da domadora, iria cair a qualquer momento em cima de Kieran. Ela não sabia dizer como conseguiram montar um boneco maior do que o menino, quase do tamanho dela.

Um senhor que passava olhou a cena e sorriu, o sentimento de natal estava no ar. Brincando ele falou com os dois.

- Parabéns pelo boneco, ficou muito bonito. Vocês formal um belo casal. – Ele falou rindo.

Kieran andou até o senhor e falou seriamente, como o homem da família deve fazer.

- Não sou casado com a Mina, ela pertence ao Isaac. – Ele falou com o tom de voz forte. - Ela é minha irmã mais velha. – Ao terminar de falar o sorriso do menino estava de volta à face.


later on we'll conspire
as we dream by the fire
to face unafraid
the plans that we made
walkin' in a winter wonderland!



Kieran se despediu do senhor e voltou para sua irmã. Olhou orgulhoso para o grande boneco que fizeram, capricharam. Ele virou para Mina, mas antes que pudesse falar algo sentiu uma pancada gelada em seu ombro. Pelas risadas que vinham o menino soube imediatamente o que acontecia e rapidamente se jogou atrás de uma arvore, tinha que visualizar seus inimigos.

Bolas de neve voaram cruzando o boneco de neve que assistia a tudo esperando o momento em que seria acertado também e cairia. Para a sorte do boneco, as crianças tinham boa mira e se esforçaram para não derrubá-lo.

Mina esperou pacientemente todos se cansarem e acendeu uma fogueira, esperando que todos se sentassem com ela. O primeiro a se jogar ao seu lado foi seu irmão que encostou sua cabeça no ombro dela. Todas as crianças, e para a surpresa dela eram muitas, sentaram. A domadora olhou novamente para o boneco de neve e ficou espantada por ele ter escapado intacto.


in the meadow we can build a snowman
and pretend that he's a circus clown
we'll have lots of fun with mr. snowman
until the other kiddies knock him down!



Após um final de dia cansativo, Mina deitou Kieran no seu colo para voltarem ao solar. Não ficaram tanto tempo fora, no máximo, duas horas, mas fora o suficiente para o menino dormir profundamente nos vinte minutos de volta para casa.

- Ele nem desconfiou que minha principal missão fosse mantê-lo longe e casa... – Ela sorriu enquanto brincava com os cabelos dele, fazendo um cafuné. – Acho que exagerei e ele não vai conseguir acordar quando chegarmos...

A domadora ficou na duvida no que fazia, não esperava que fossem ter tantas aventuras no pouco tempo que saíram.

- Bom, não há o que fazer. Se não tem remédio, remediado está. Amanhã ele verá o presente...

O trenó parou na porta do solar e Kieran abriu os olhos levemente para se levantar e ir para sua casa, principalmente seu quarto. O sono era tanto que Mina achou que seus olhos nem iriam abrir para ver o que estava a sua frente.

Dando um grande susto em Mina, Kieran saltou do trenó gritando.

- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!

Na frente de sua casa estava um grande boneco de neve.

Mina pedira ajuda aos seus amigos para fazer uma surpresa para seu irmão. Sabia que o seu pedido iria requerer muitas mãos e algumas varinhas.

A montagem toda tinha quase o tamanho da casa. O grande dragão estava parado na frente da casa e estava sendo domado pela pessoa mais importante naquela época: Papai Noel!

Kieran voltou correndo e puxou Mina para correr com ele. Os olhos do menino brilhavam excitados enquanto observava cada detalhe dos grandes bonecos de neve.

O sorriso largo e aberto no rosto de seu irmão fez Mina olhar feliz agradecendo a todos que estavam ali sentados, todos os seus amigos que ajudaram a dar aquele presente único e especial para o seu pequeno rapaz único e especial.


when it snows, ain't it thrillin'
though your nose gets a chillin'?
we'll frolic and play
the eskimo way
walkin' in a winter wonderland!
walkin' in a winter wonderland!


Para escutar a música, clique AQUI





CHRISTMAS IS ALL AROUND


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de Adhara para os Pombos


Herman suspirou e desviou os olhos da tela do computador por um segundo para coçar seus olhos cansados. Até o segundo anterior ele estivera absolutamente concentrado nas palavras que se formavam diante de seus olhos na tela do monitor, seus dedos debatendo-se furiosamente pelo teclado. O prazo do rapaz já estava para lá de esgotado, e Herman não era o tipo de escritor que perdia seus prazos. Pelo contrário, se tinha algo de que se orgulhava, desde seus tempos como O Mensageiro, era a quase absoluta dedicação e prioridade que dava ao seu trabalho no Olho do Grifo.

Mas não importa o quão grande fosse sua dedicação ao jornal, antes de um escritor, ele ainda era um marido. E aquele era o Natal... Seu segundo Natal desde que se casara com Lorelai, mas o primeiro que realmente passariam como um casal. No ano anterior eles estiveram separados pela guerra. Ela em Hogwarts, ele na Resistência... Foram dias solitários e sombrios dos quais ele não gostava de lembrar mais do que o estritamente necessário.

Sua vida não era o passado, mas sim o aqui e o agora, junto de sua fadinha. E aquela preparação para o “aqui e agora” havia requerido dias comprando enfeites, preparando a decoração da casa, fazendo compras para a ceia, compras de presente para os familiares, para os amigos, para a festa de Natal que teriam na editora – tudo encabeçado pelas três Mafiosas, é claro –, o que, irremediavelmente, o havia feito perder seu prazo.

I feel it in my fingers,
I feel it in my toes,
Christmas is all around me,
and so the feeling grows



Entretanto, aquela havia sido uma maneira muito digna, por assim dizer, de perder o seu prazo. Lore estava realmente satisfeita por ter um grande Natal em família, como costumavam ser todos os Natais dos Ferris e McGuire antes da guerra, e, agora que a família havia crescido para agregar também os Smith e os Mercury, a sua fadinha estava nas nuvens.

Herman sabia que a sensação de estar novamente rodeada por uma família grande e unida era justamente o que Lore precisava para superar as decepções que havia tido no passado, primeiro com o tio, Norwood Dawson, e depois com a meia-irmã, Melinda. Lore estava buscando restaurar o pouquinho que havia sido quebrado da fé dela quando experimentou do amargo fel da traição.

E o rapaz havia prometido a si mesmo que a ajudaria naquilo, criando tantas oportunidades de felicidade quanto lhe fosse possível. E que melhor época de semear felicidade do que no Natal?

It's written in the wind,
It's everywhere I go,
So if you really love Christmas,
C'mon and let it snow



Herman piscou os olhos meio irritados, decidido a deixar de lado as conjecturas e voltar ao trabalho. Faltava pouco agora, apenas amarrar a conclusão e poderia enviar o texto para o e-mail de Meri, a sua revisora designada. A ruiva tinha conexão com a internet na casa, poderia facilmente revisar o texto diretamente no computador antes de enviar para a gráfica.

O Mensageiro deu um meio sorriso ao pensar em como a tecnologia trouxa facilitava o trabalho deles. Não à toa a Marca Rubra, apesar de uma novata no ramo, já estava encontrando seu lugar de destaque. Isso e o fato de contarem com um time de escritores extremamente promissor. Quem sabe daqui a uns dois ou três anos eles pudessem levar a cabo a idéia daquela prima japonesa de Mina e expandir os negócios até o oriente...

Mas justamente quando estava da metade em diante do que deveria ser o seu último parágrafo, algo interrompeu Herman. Dessa vez, os culpados não eram os olhos do rapaz – e ele estava terrivelmente desconfiado de que a rotina em frente à tela do computador em breve lhe renderia óculos –, mas sim o seu nariz. Ou melhor, o aroma que o nariz dele captava.

Cookies. Cookies de chocolate... Lore deveria estar cozinhando para a ceia.

You know I love Christmas
I always will
My mind's made up
The way that I feel
There's no beginning
There'll be no end
Cuz on Christmas,
You can depend



Herman fitou a tela do computador mais uma vez, pesando suas opções. Terminar seu trabalho ou ir ver o que sua fadinha estava aprontando e, se ela deixar, roubar alguns cookies? Ele sorriu de lado, a competição ali não era nada justa. A vantagem que Lore tinha sobre qualquer outro aspecto da vida do rapaz tornava impossível a tarefa de ignorá-la a favor de qualquer outra coisa e pessoa.

Lorelai era, e sempre seria, a primeira em tudo para Herman.

You gave your presents to me
And I gave mine to you
I need Santa beside me
In everything I do



Ele girou na cadeira e levantou, deixando o computador e sua reportagem não-finalizada para trás sem um pingo de dor na consciência. Ele compensaria depois pelo tempo perdido. Depois do Natal... Afinal duvidava que pudesse dar uma finalização decente para o texto com metade da cabeça no trabalho e outra metade nos cookies de Lorelai. E Herman prezava demais seu trabalho para dar menos do que o seu melhor quando o estava fazendo.

Assim ele cerrou a porta do quarto cuidadosamente, para não fazer nenhum ruído, e avançou pé ante pé para a cozinha do apartamento. Lore estava de costas quando ele a encontrou, colocando mais uma fornada de cookies no forno – a outra, recém-assada, estava descansando no balcão e exalando o cheirinho delicioso que o havia atraído até ali.

Herman sorriu e se aproximou discretamente da esposa. Lorelai estava tão absorta em seus afazeres domésticos que sequer havia percebido o rapaz ali, até se virar e dar de cara com um par de olhos azuis-acinzentados que a encaravam com um brilho divertido. E Lore já conhecia o marido o suficiente para saber que aquele brilho nos olhos significava que ele estava planejando alguma coisa...

Mas antes que ela pudesse colocar as mãos na cintura, fazer uma cara de brava muito parecida com a de dona Liz, e cobrar explicações do pombo, ele a venceu. Herman pegou Lorelai pela cintura e ergueu ligeiramente antes de abafar o pequeno grito de surpresa dela com um beijo.

You know I love Christmas
I always will
My mind's made up
The way that I feel
There's no beginning
There'll be no end
Cuz on Christmas,
You can depend
Cuz on Christmas,
You can depend



Lore tinha gosto de chocolate. Ela deveria ter trapaceado e comido alguns pedaços enquanto preparava os biscoitos – o que significava que os cookies com gotas de chocolate na verdade deveriam ter ficado órfãos de chocolate. Herman sorria quando se separaram e Lore, apesar de ter as sobrancelhas franzidas, também ostentava um sorriso.

- Posso saber a que se deve esse rompante, chuchu? – ela perguntou, com um tom de riso traindo sua fala.

Herman deu de ombros, sem soltá-la.

- Nada em especial. É só que a minha esposa fica ainda mais absurdamente linda quando está às voltas com o fogão.

Ela tombou a cabeça um pouco para trás e riu. Para Herman, o som parecia com milhares de sinos de vento. Ainda que já tivesse presenciado aquela cena tantas vezes, ele não conseguia deixar de se sentir deslumbrado a cada vez que sua fadinha ria daquele jeito tão leve, tão contente e despreocupado.

- Pois trate de não se acostumar, chuchu, eu não me casei com você para virar uma Lorella Borralheira. E não espere que a minha boa vontade na cozinha venha de graça, especialmente não no Natal. Eu espero um presente muito caro, bonito e brilhante, entendeu? – ela disse, batendo com o dedo no peito do marido para dar ênfase as suas palavras.

Herman apenas riu e não resistiu ao impulso de provar os lábios dela de novo. É claro que ele daria o mundo inteiro para Lorelai em uma bandeja de prata se ela assim o desejasse. Mas ele sabia que sua fadinha estava apenas brincando, Lore nunca se importou com posses materiais e nem jamais se importaria contanto que estivessem juntos.

It's written on the wind
It's everywhere I go
So if you really love me
C'mon and let it show
C'mon and let it show



- Apenas o meu amor por você não basta? – Herman perguntou, unindo sua testa à dela depois que se separaram por ar.

Lorelai fechou os olhos, um imenso sorriso nos lábios, e quando abriu novamente as pálpebras suas íris caleidoscópicas estavam inebriadas por uma miríade de emoções. O rapaz sentiu sua respiração falhar quando fitou os olhos da esposa.

- Isso depende. O quanto você me ama, Hermie?

Herman sorriu. Aquela era uma pergunta retórica. O quanto ele amava Lorelai? Será que era sequer possível colocar a vastidão de seus sentimentos em palavras? Quem sabe ele pudesse escrever sobre isso, sempre havia sido mais fácil para ele transmitir seus sentimentos através da pena ou da caneta do que em voz alta. Ele era tímido, isso não havia mudado, e sempre se atrapalhava quando tinha que fazer alguma espécie de discurso. Mas era Natal, e se sua fadinha queria uma declaração, então ela teria uma declaração.

- Eu te amo mais do que qualquer coisa no mundo, Lore. Eu te amo tanto que quando tivemos que nos separar eu senti como se uma parte de mim, a melhor e maior parte de mim, tivesse ido embora também. E essa parte era o meu coração, que você levou junto consigo. Mas eu te amava tanto que não perdi a fé, porque eu sabia que quando eu voltasse para você eu seria completo de novo. Eu te amo tanto, Lorelai Mercury, que se o sol queimasse amanhã eu não me importaria, desde que tivesse a sua mão segurando a minha o tempo todo.

Lorelai mordeu os lábios e os olhos castanhos dela brilharam com outro tipo de emoção. Lágrimas. Herman sentiu seu estômago afundar ao perceber que havia trazido lágrimas aos olhos de sua esposa, e se chutou mentalmente por ter feito ela se lembrar daquele período em que a vida os havia separado. Mas sua aflição se aplacou um pouco quando viu sua fadinha secar os olhos de um modo teimoso e então obliterar a distância entre eles com outro beijo.

Era um tanto estranho de se pensar, mas ele podia dizer como Lore se sentia através de um beijo. E aquele beijo doce, sereno e amoroso demonstrava que ela não estava triste. Mas sim tranqüila, segura... Certa do que tinham, do que partilhavam, e que aquilo não iria mudar, não importava quantos Natais passassem.

So if you really love
C'mon and let it
If you really love me
C'mon and let it
Now if you really love me
C'mon and let it show


Para escutar a música, clique AQUI

Este post se passa depois dos eventos de Deathly Hallows



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