Questionamentos

- O tempo acabou, descansem suas penas.

Adhara soltou um discreto suspiro enquanto abaixava a pena de águia que usava para escrever. Finalmente terminara o último exame dos N.O.M.s, justamente da disciplina que a sonserina julgava ser uma das mais enfadonhas: História da Magia. A jovem ocupou-se em guardar seus pertences dentro da mochila enquanto o grupo de examinadores do Ministério da Magia passava por entre os alunos, recolhendo os pergaminhos com feitiços convocatórios. Levantou-se da carteira em que estivera sentada, em um dos cantos mais isolados do Salão Principal, e rumou para fora do lugar antes que todo o grupo de quintanistas se amontoasse na saída, lhe bloqueando a passagem. Porém não fora rápida o bastante, já que uma menina de cabelos crespos e cheios e um garoto alto e ruivo, ambos da Grifinória, interpuseram-se em seu caminho.

- Para que a pressa, está indo salvar a mãe da forca, Granger? – Adhara perguntou com ironia, após ter quase trombado com a grifinória.

A monitora apenas lançou-lhe um olhar fulminante e já se preparava para dar costas a Adhara quando o ruivo avançou contra a sonserina.

- Escuta aqui, Ivory, por que você não vai para...

- Ronald! – Hermione Granger segurou o ombro do garoto, interrompendo-o – Nós-não-temos-tempo-para-isso! – ela sibilou autoritariamente.

Weasley pareceu repentinamente ter lembrado-se de algo muito importante e limitou-se a assentir com a cabeça e seguir a colega, apressado, para a saída. Que bicho mordera aqueles dois afinal? Adhara então lembrou-se do desmaio teatral de Potter durante o exame, provavelmente Weasley e Granger estavam preocupados com o amigo. Ela girou os olhos, o que alguém não era capaz de fazer para escapar de uma prova?

A jovem precipitou-se pelo hall de entrada, e então pelas portas de carvalho, alcançando os jardins de Hogwarts. Foi encontrar abrigo abaixo de uma grande cerejeira que crescia próxima à estufa onde os segundanistas tinham aulas de Herbologia. Ficava um tento longe do castelo, mas pelo menos não seria incomodada. Ela jogou a mochila sobre o gramado e sentou-se com as costas apoiadas no tronco da árvore e segurando os joelhos. Sentia-se infinitamente cansada, e tudo o que desejava no momento era permanecer sozinha. Aparentemente duas semanas consecutivas de exames haviam sido o suficiente para abalar até mesmo a frieza de Adhara Ivory, porém a garota sabia que não era esse o real motivo de seu desejo por isolamento. Ela estava tentando evitar alguém, uma certa grifinória de cabelos ruivos e olhos verdes cujo nome era Meridiana.

Ela mordeu os lábios, apenas não entendia o porque... Por que Kamus Ivory viera a Hogwarts na noite do seu exame de Astronomia? Estaria ele sob as ordens do Ministério para ajudar na captura de Rubeus Hagrid? Então por qual motivo não estava nos terrenos no castelo, lutando contra o meio-gigante, ao invés de estar conversando com Meridiana em uma sala próxima a torre de astronomia? E novamente havia voltado à prima... Por que Kamus estivera conversando somente com a grifinória e não revelara-se nem para Adhara, que era sua filha?

A sonserina fechou os olhos com amargura e sentiu uma brisa suave acariciar-lhe o rosto. Restava-lhe apenas acalmar seu coração inquieto até que chegasse o momento de seu desembarque na Estação de King’s Cross, quando poderia, finalmente, confrontar o pai sobre as últimas atitudes que ele tivera.