Saturday, July 20, 2013

Aventurando-se nas Masmorras

Ela observou maravilhada o primeiro pergaminho se transformar em dois, depois em quatro, e em oito, até que uma enorme pilha tomava conta da mesa, único móvel na sala vazia. Herman guardou a varinha enquanto Mina observava o trabalho final de ambos.

- Como você vai distribuir? - ela perguntou curiosa.

- Alguns irão por coruja, disfarçados como inocentes cartas vindas de casa. Outros vão convenientemente cair dentro de mochilas estratégicas. A maioria vai circular na base do troca-troca. - ele respondeu - É só fazer isso cair nas mãos certas e todo o castelo vai ter acesso.

Mina assentiu, tirando um dos pergaminhos da pilha e observando a carranca de Filch se fechar para ela.

- Você sabe onde a Raven está? - ela perguntou distraidamente.

- A Rav? - foi a vez dele encará-la com curiosidade. Não sabia que a quartanista conhecia Raven - Ela deve estar, se eu conheço bem a peça... Ou na cozinha ou rondando a Masmorra.

- Rondandando a Masmorra? - Mina perguntou, erguendo a sobrancelha em sinal de curiosidade, para ela era inimaginável que alguém, em sã consciência, achasse a masmorra um lugar agradável de se passear.

- Sim, a masmorra. É o lugar onde o Senhor do Coração dela habita. - disse Herman em meio a um sorriso.

Mina continuou olhando o garoto com cara de interrogação.

- Ela gosta do Snape. Achei que você sabia. Metade da escola sabe disso.

Mina estremeceu de leve. O Snape? Que nojo!, pensou a menina. Mas Mina sabia que os meandros do coração eram sempre complicados e apenas seu dono (e por vezes nem mesmo ele) era capaz de compreende-los.

Herman, que havia se distraído por uns segundos conferindo a "impressão" das últimas cópias, deu um tapa na cabeça.

- Eu tinha me esquecido! Sei exatamente onde a Rav está! Ela tinha combinado de dar umas aulas particulares de poções para o Satanio, lá naquelas salas perto da ala da Sonserina. Você sabe como a gente está maluco por causa das N.O.M.s, né? O Sat até desmarcou um jogo de snap explosivo comigo e com o Luke porque precisava se encontrar com a Raven.

Mina apenas assentiu, guardando o pergaminho no bolso e despedindo-se de Herman com um aceno rápido. Os passos dela ecoavam sinistramente pelas paredes de pedra enquanto ela tentava prestar atenção aos mínimos sons que a cercavam. Estava próxima à Sonserina e não queria correr o risco de encontrar algum membro da Brigada Inquisitorial de mau humor.

Finalmente, uma dupla de vozes rompeu o silêncio quase opressivo das masmorras e ela reconheceu entre elas a voz de Raven. O problema é que ambas estavam se distanciando rapidamente dela...

Esquecendo a prudência, Mina começou a correr. Dobrando um dos inúmeros corredores, ela afinal enxergou a silhueta de quem estava procurando.

- Raven!!!

Os dois se voltaram para a voz que gritara no exato instante em que Mina perdia o equilíbrio no chão molhado junto a um dos Pântanos Portáteis que Satanio plantara pela escola.

Como uma bola de boliche, Mina adquiria cada vez mais velocidade enquanto tentava frear.

Satanio foi o primeiro a se virar. O impacto era iminente e, sem pensar duas vezes, ele empurrou a amiga de leve, pouco antes da grifinória colidir com ele, levando os dois ao chão.

Mina, que fechara os olhos antes da queda, reabriu, encontrando um par de olhos azuis acinzentados observando-a com certa curiosidade. Corando loucamente, ela rapidamente se levantou.

- Desculpe, eu escorreguei e... - ela começou, gaguejando - Hum, é... Desculpe.

- Tudo bem, minha cara, eu já estou acostumado a ser disputado pelas jovens desta escola... Até mesmo as grifinórias. - comentou Sat, sorridente, ajeitando as vestes e observando Mina com atenção divertida.

- Pena que eu seja míope então.

Os dois foram interrompidos por uma risada gostosa de Raven, que os observava ainda mais divertida.

- Esquenta com o gostosão aqui não, Mina, ele é só o engraçadinho de plantão da Sonserina. Mas, e você, está bem? Machucou?

Diante da tímida negativa de Mina e do largo sorriso de Satanio, Raven resolveu apresentá-los formalmente:

- Sat, esta é Mina MacFusty, Grifinória, amiga da Meri. Mina, este aqui é Satanio Goddriac, Sonserina, o encrenqueiro mor de Hoggy pós gêmeos Weasley.

Mina assentiu com a cabeça e voltou-se para Raven, retirando do bolso um pergaminho. E logo a vergonha deu lugar a um sorriso resplandecente.

- Raven, eu tenho um presente para você.

- Um presente? Para mim? Que gentil!! É de comer? - perguntou a sonserina, esfregando as mãos.

- De comer acho que não é não, Raven. Jovens grifinórias não costumam comer fora de hora - brincou o loiro, mãos enfiadas nos bolsos.

- Porque não? - Mina voltou-se para ele levemente desconfiada - Não há nada melhor que açúcar em dia de chuva!

Satanio ergueu a sobrancelha e sorriu. Bem, pensou, até que essa grifinória não é tão... grifinória assim, pelo que vejo.

- Deixe-me ver o presente, Mina, estou curiosa... Mesmo vendo que não é de comer. - disse Raven, olhando com avidez para o pergaminho na mão da quartanista.

A menina de óculos entregou o pergaminho e, com o olhar ansioso, esperou o veredicto da moça. Que lhe pareceu ser o melhor possível. Os olhos da morena brilhavam de entusiasmo a cada passo da leitura, e Mina pôde reparar que ele era compartilhado por Satanio, que o lia por cima do ombro da amiga.

- Por Merlin, essa Domadora de Dragões é demais!!!

- É mesmo, mas que texto espetacular! - completou Raven, encantada. - Bem que eu disse que aquele da Sapa Monstra Velha era só o primeiro de muitos outros!

- Eu sou fã da Domadora - comentou Satanio, animado. - Dias atrás espremi o Herman para ele me contar quem é ela, mas o infeliz não me disse de jeito nenhum!

- Você espremeu o Herman? - Mina perguntou, sentindo uma pontada no estômago.

- Sim, mas não do jeito como você está pensando - brincou o sonserino.

- Faz isso não, menino, que ela fica vermelha - disse Raven, cutucando o amigo.

- Tudo bem - Mina meneou a cabeça, tentando não demonstrar pânico - Bem, vocês gostaram? São os primeiros a ler!

- Nossa, mas que deferência - brincou o rapaz, mas com uma pontada de orgulho. - Os primeiros!

- Sim, que espetáculo! - concordou Raven. - Mas, Mina, me diga uma coisa... Se nós somos os primeiros, é sinal que você obteve esse pergaminho direto da fonte...

- Sim! - exclamou Sat, excitado - E se assim foi você conhece essa fonte muito bem... E vai nos dizer quem é!

- É a Meri, aposto!

- A Meri e o Herman, Raven!!!

Mina meneou a cabeça, agora definitivamente assustada. Ela e sua boca...

- Anda, Mina, diz logo quem é! Prometemos que não contamos, palavra de Sonserinos - disse a morena, muito séria.

- Hum, não sei se grifinórios levariam isso muito em conta, Raven... - resmungou Sat.

- Eu não posso contar. - disse a grifinória, vermelha - Não porque não confie em vocês. Mas eu fiz uma promessa...

Ambos continuavam encarando Mina, transbordando de curiosidade. Certamente não deixariam a jovem escocesa escapar sem a resposta...

- Escutem... - Mina continuou - Se prometerem não fazer perguntas, eu deixo vocês sugerirem o próximo tema para ela. E posso levar algum recado de vocês também. Servir de coruja. - a grifinória sorriu esperançosamente.

Satanio pareceu não concordar e chegou a tentar dizer algo, mas Raven o interrompeu a tempo:

- Loiro, por favor, deixe quieto... pelo menos por enquanto. Se nós estávamos prontos a dar nossa palavra sonserina, temos que respeitar a promessa que ela fez...

- Mas isso não é sonserino de nossa parte - resmungou o rapaz.

- Não, eu reconheço, mas nós também... Ah, deixa para lá! - exclamou a morena, sacudindo as mãos, impaciente.

Sat não pareceu muito satisfeito, mas concordou. Raven sorriu, e Mina suspirou, aliviada.

- Bem... Se vocês quiserem sugerir ou escrever alguma coisa para ela depois, podem me mandar por coruja.

- Coruja não, tive uma idéia genial agora! - exclamou o encrenqueiro, sorridente. - Um tema que certamente irá desencadear todo o talento da genial Domadora de Dragões!

- Nossa, Sat, e que tema é esse? - perguntou Raven, curiosa.

- Ora, minha cara, é muito simples: os nossos "amigos" da Brigada Inquisitorial. Que acha?

- ECA! - exclamou a sonserina, em meio a uma careta.

- O que acha, MacFusty? A Domadora aceitará esse desafio? - perguntou o loiro.

- As maiores vítimas de nossa excelsa diretora... – a grifinória murmurou baixinho - Juventude Transviada!

- Hã?

- Juventude Transviada, Sat, sabe, aquele filme... Hum, não, você não sabe. - disse Raven, coçando a cabeça. Ela sempre se esquecia que o amigo, bruxo de sangue puro, em geral não compreendia as referências trouxas dos colegas.

- Na verdade, não te muito a ver com o filme, mas...

- Eu entendi, Mina - concordou Raven. - Hum... Mas... Bem, já que temos nosso próximo Olho do Grifo a caminho, que tal se comemorássemos com um lanchinho básico lá na cozinha? Estou com uma fome...

- Que novidade, Raven, que novidade... Você vem conosco, MacFusty? O tempero do Dobby anda cada dia melhor.

- Pode me chamar de Mina. - a grifinória sorriu como uma criança - E eu adoro o tempero do Dobby. Especialmente nas tortas de chocolate...

- Ai, gente, parem de falar em comida e vamos comer logo! - exclamou Raven, puxando os colegas pelas vestes. - Mas me empreste de novo esse pergaminho, Mina que eu quero ler de novo...

- Eu também - concordou Sat. - Essa Domadora de Dragões é demais! Daria tudo para conhecê-la pessoalmente!!


Mina corou de leve e Satanio e Raven se entreolharam, uma faísca de dúvida ainda no ar. 

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