Wednesday, October 25, 2017


Half-Blood Prince Year

A Chama ao Vento
(ou prece a corações juvenis)


Aquele que se cala, consente. Aquele que se resigna é culpado. Aquele que se rende tem as mãos tão sujas de sangue quanto a quem são rendidos. Talvez sejam formas extremistas de ver as coisas, mas chegamos a um ponto em que é necessário ir a extremos. É necessário tomar uma posição. Ficar neutro é como estar em ponto morto - é ser conivente, covarde.

Se tombarmos, que seja com o orgulho de termos lutado até o fim. Que seja com o orgulho de ter acreditado em todos os momentos em um mundo melhor. Podemos ser obstinados, podemos ser irascíveis e até mesmo inflexíveis. Mas ninguém poderá nos acusar no futuro de ter perdido a fé, de ter deixado morrer nossos ideais, de ter permitido e até mesmo contribuído para o caos.

Não podemos continuar a ser meros espectadores aterrorizados - não podemos permitir que a barbárie se sobreponha à civilidade, não podemos permitir que ela se torne parte do nosso cotidiano e que a ela nos tornemos insensíveis. Não podemos mais ser uma chama ao vento, prestes a se apagar.

Nos tornaremos cúmplices se pensarmos que o inadmissível é irremediável. É necessário agir, e agir sem demora. Ou então, estaremos apenas diante do fracasso, pois posterior ao sofrimento, à dor e à morte.


Orgulho e Preconceito


O que configura alguém como ser humano? O que estruturalmente nos faz olhar para o outro e dizer: você é uma pessoa, como eu?

Não temos todos um corpo com cabeça, olhos, boca, nariz, orelha e boca? Um corpo com tronco e membros?

Anatomicamente a maioria de nós não possuí o mesmo aparato que são reconhecidamente estruturas humanas?

O que estaria faltando? Talvez aquilo que chamamos de alma. Aquela coisa tão difícil de definir...

Mas é o lugar onde residem nossos sonhos, e anseios, nossos choros e nossos risos.

Sendo todos nós seres que sentem no corpo e na alma, somos todos iguais, todos humanos, na base dessas estruturas.

Seres com os mesmos desejos, medos, alegrias e anseios.

Se somos tão iguais, por que nos atemos tanto à pequenas diferenças?

A cor dos olhos, o tamanho do nariz, a cor da pele, a altura, a raça ou religião em que nascemos e crescemos, a casta ou classe social a que pertencemos?

Apesar de todas as similaridades estruturais, é nessas diferenças que nos apoiamos para que nos sintamos melhor que os demais, superiores. Uma necessidade de calar a baixa auto-estima e a insegurança através da humilhação do outro.

È aí que nascem o orgulho e o preconceito. Na nossa necessidade doentia em acreditar que um pessoa vale mais que a outra simplesmente pela cor dos olhos, pela cor da pele, por ter magia correndo em suas veias.

As pequenas diferenças deveriam apenas ser um enriquedora diversidade em nossa convivência, não instrumento de ódio e cisão.

Mas, por que se apegar nas contradições amargas dessas pequenas diferenças. Não temos todos olhos, boca, nariz, corpo e alma? Não é isso que nos torna humanos e faz com que enxerguemos no outro alguém como nós?

Simplesmente humano?

pelo Mensageiro


Edição Especial


È com muito orgulho que anunciamos uma edição especial do Olho do Grifo. Excepcionalmente temos em mãos uma edição com textos das nossas duas talentosas escritoras, a Domadora de Dragões e a Fada Prensada. Esperamos que gostem, e, principalmente reflitam.

Att,
O Mensageiro (editor do Olho do Grifo)



Crime e Castigo(ou daquilo que é justo e que não é)



O que é justiça? Essa pergunta tem centenas de respostas. a depender do ponto de vista do qual seja analisada. Moralmente, juridicamente, politicamente - a justiça reflete a sociedade de sua época, variando em cada período histórico.

Existe, porém, algo intrínseco a essa palavra, um elemento não variável. Algo que, independente da cultura, das pessoas ou da década, permanece. É uma "idéia ideal", uma utopia, um devaneio. Inefável, perene. Certo.

Justiça é dar aquilo que é de direito a quem de direito o merece. É a velha prece "é dando que se recebe". São os códigos dos quais o juiz é a voz. Justiça, palavra da qual não se pode fugir. Justiça.

Como o amor, a palavra justiça foi vulgarizada. em pensar duas vezes, ela corre para os lábios, pronunciada profanamente. Incautos são aqueles que apontam o dedo acusadoramente; sem que haja prova, imediatamente votam por culpado - são os primeiro a jogarem as pedras.

Culpado ou inocente? Se houve crime, há de haver castigo. Mas há justiça? Ou será ela uma esperança remota do homem, um ideal que esperamos dos outros, mas não de nós mesmos? Há justiça na intolerância? Na intransigência? Ou na caridade? No perdão? Se há crime, há castigo.

Certo. errado. Palavras, puros conceitos. Sorte, azar, astúcia, ignorância. Amontoados de letras "dor-de-cabeça". Justiça. Proporção? Eqüidade? Sentimento humano ou responsabilidade divina?

O que é justo para você?

por Domadora de Dragões

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O Julgamento diante Pilatos



O céu não esconde o que não gostaríamos de ver e as estrelas, os olhos da noite, assistem a escuridão. O medo e a incerteza nos atropelam e a noite passa a ser um fantasma ameaçando nossa paz.



Nossas vidas, de repente, se transformam num recanto solitário e a desconfiança reina entre os mortais. E já não podemos ouvir o riso, não há mais graça, e se há, não existe sensibilidade para percebê-la. Algumas pessoas, então, perdem o senso ético e moral. Passam a viver um prolongado lapso de benevolência e conduta. E são maculadas por um sinal verdadeiramente sombrio. Entramos todos, marcados de uma maneira ou de outra, numa roda viva, num mundo sem fim. A roda da fortuna. A torre. A morte.



Reflitamos. Em quem confiar em tempos de guerra?



O que estaremos fazendo pelos nossos ideais se vendarmos os olhos para a realidade? De quem é a sanidade se tivermos medo com pedras nas mãos? Quem lutará pela inocência se estivermos sempre negando a verdade e escondendo as provas?

Quem lutará pela justiça se nos conformarmos e simplesmente lavarmos as mãos?



Ansiamos por ter vida simples, sermos somente crianças esperando pela terra prometida. Gostaríamos de poder dormir quando a noite caísse sobre nós, e sonharmos com flores caindo das mãos. Mas não podemos. Estamos velando pelo grito de uma multidão furiosa, esperando um gesto de amor que poderia nos salvar agora. E quem nos salvará agora? Lutemos então. Há uma cruz pesada e espinhos que não param de sangrar em vão. Sangrando então, todas as culpas inventadas são derramadas no chão. Lutemos enquanto bebemos o sangue de nossa coroa de sofrimento e o mundo nos acusa de insanos. Que seja. Qualquer coisa a cruzarmos os braços.



Por que quem lutará pela justiça se nós nos negarmos a aceitar a verdade e omitirmos as provas?



E quem lutará pela inocência se continuarmos a lavar as mãos?

por Fada Prensada



So Young


É certo que estamos aprisionados num castelo
Enquanto o sangue de inocentes é derramado
Enquanto as famílias, talvez as nossas
Estejam ameaçadas por existirem.
Enclausurados por sermos tão jovens.
E no entanto, enquanto existe o medo
E nada se sabe sobre o sobreviver e o morrer
Onde está a coragem de viver o hoje?
Há de existir a inocência nos campos de batalha!
Não deixemos a crueldade gelar a alma
De todos nós, que somos tão jovens...
Quero viver intensamente, seguir pegadas na lua, correr selvagem e livremente
E enquanto a guerra se faz e a clausura me permite movimentos limitados,
Quero ter liberdade de pensar e levar adiante cada sonho, cada necessidade.
Realizar cada vontade, seja ela bélica ou poética.
Por isso que vos digo:
Vivamos o presente, cruel, frio, terrorista.
Façamos nossa parte nessa roda viva.
Mas não esqueçamos jamais que somos tão jovens!
O fel de hoje é amargo, mas amanhã, o que direi?
Não se extirpa a maldade do mundo como se erradica uma peste.
Vence-se hoje, outro dia um novo desafio desponta.
Não esqueçamos de colocar um pé diante do outro para caminhar.
De viver um dia de cada vez.
Façamos nossa parte no contexto maligno, mas alimentemos nossa alma e nosso coração.
Não deixemos o que há de melhor morrer em nós.
Coragem para enfrentar os perigos mortais hoje é uma necessidade imposta.
Força de vontade de cultivar a inocência e a juventude que nos resta é uma opção.
Quando o amanhã chegar, o que plantei? Se houver o amanhã...
Fica aqui minha mensagem.
Sigam os seus sonhos, ainda que em tempos adversos.
Não desistam do que há de melhor em si, ainda que a crueldade invada nossos lares.
Encaremos a realidade, mas íntegra, sem nos colocarmos nem acima, nem abaixo.
Apenas adolescentes mergulhados num turbilhão injusto.

Fada Prensada


O Paraíso Perdido
(ou Nem só de serpentes vive o Lado Negro da Força)


É opinião geral da nação, totalmente consolidada em todos os cânones da história da magia que, tradicionalmente, serpentes são cheias de veneno. Por serpentes, que aqui se subtenda, estamos falando das "cobras criadas de Slytherin".

Ao ouvirmos o Chapéu Seletor anunciar, em alto e bom som, no primeiro dia de aula, que aquela criança de 11 anos (como nós mesmos fomos um dia) foi selecionada para a Sonserina, imediatamente fechamos a cara (a não ser, obviamente, que usemos o uniforme verde e prata) pensando "ali vai mais um amante das artes das trevas".

Ambição. Determinação. Orgulho. É disso que são feitos os sonserinos? Mas não somos todos assim moldados? Ingenuidade pensar que não haja dissimulação nos meios grifinórios. Malícia entre lufanos. Frieza na Corvinal. Aquilo que o Chapeú Seletor faz quando separa os estudantes recém-chegados não é dar um atestado de bondade ou maldade.

Muitas vezes, nos deixamos levar pelos preconceitos milenares - o erro de meia dúzia faz com que vejamos uma totalidade como incapaz de se furtar ao mesmo caminho. A fama das outras faz com que passemos batidas por elas, sem desconfiar por nem um momento, por um único instante...

Somos nós que fazemos nossas escolhas. Não nossos pais. Não os quatro grandes. Nós. O meio, sem dúvida, influencia, mas não é determinante. Somos nós que moldamos nosso caráter, nós que escolhemos aquilo em que queremos acreditar.

A verdade é que a serpente está em cada um de nós. Na mente, no coração, espreitando, esperando o momento mais propício de explodir. Nos cabe a tarefa de controlá-la, acalentando-a com sussurros odiosos para que cresça ou com uma canção de ninar, para que mergulhe em sono profundo, eterno - para que seja incapaz de mostrar suas presas para qualquer um.

Utopia, bem certo (nos dias de hoje, tudo parece utopia), mas quem sabe não reencontramos o Paraíso Perdido dominando a serpente?


Sonho de uma noite de verão
(ou tolos devaneios em tempos de guerra)


Não subsiste inocência em campos de batalha. Não há homem, velho ou criança que possa esquecer o cheiro de sangue. Mesmo um cego tem gravado na retina o medo e o horror que acompanham o cavaleiro da espada.

Fantasmas ressurgem das trevas do inconsciente. A guerra é um pesadelo coletivo, onde não há vencedor. Todos os lados terão suas baixas, algumas mais pranteadas que outras. Sempre foi assim na história do ser homem. E sempre será. A ambição, o ódio e a loucura são intrínsecas ao ser humano.

São em tempos como esses que, mesmo os que pregam a paz, têm de pegar em armas. Não é engraçado que apenas em situações como a que enfrentamos agora, conhecemos o que há de mais verdadeiro em nós mesmos?

Coragem, solidariedade, confiança... Seremos ainda capazes de confiar? Confiar nossas vidas nas mãos de estranhos, simplesmente por compartilharmos dos mesmos anseios e ideais? Arrisco-me a dizer que essa não é uma boa hora para se deixar levar por rixas infantis. Na verdade, é tempo de descobrir nossa própria força e lutar pela única esperança que nos resta.

Somos todos muito jovens. Aqueles que nos amam, que se importam, eles querem nos proteger a todo custo, nos preservar de toda a infâmia e desespero. Mas não subsiste inocência em campos de batalha. Aqui e agora contam apenas os laços que construímos. Somos todos muito jovens, mas precisamos nos importar. Precisamos lutar contra a cegueira servil, contra o discurso melindroso dos astutos comensais. Pois não há inocência... Mas resiste a esperança.

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